Ainda me lembro dos dias em que do alto do mosteiro, podia disfrutar de uma paisagem magnífica, ver o local onde repousavam os antigos sinos cinzelados com a cruz de Malta, e por vezes, espreitar o ninho de cegonhas que todos os anos ali era habitado (provavelmente por casal residente, sem ter que pagar taxas de ocupação).
Agora já não posso. E não é porque as cegonhas regressaram de "férias" para nificarem no alto do torreão, mas porque fizeram daquele local uma pousada, e trancaram todos os acessos. O que mais me entristece, é o facto da pousada só tratar dos locais afectos à mesma (leia-se aqueles que são visíveis ao cliente da pousada), ficando o restante ao Deus-dará.
Numa última tentativa para chegar ao topo do mosteiro, e enquanto subia uma escada em caracol (daquelas que o normal turista desconhece), dei de caras com um gradeamento, fechado a cadeado. O nojo daquele sítio daí para cima era indescritível. Borrachos mortos, penas, fezes dos pássaros, tudo acumulado...até me espantei como o cheiro não era pungente. Sinónimo de que toda aquela matéria já estava ali há imenso tempo, e que os germes já tinham cumprido o seu trabalho com diligência.
Temos portanto um monumento a menos, e uma pousada a mais. O Estado deixa de ter despesa de manutenção, para passar a ter lucro da actividade de empresa privada. Parece-vos uma boa troca?
0 comentários:
Enviar um comentário