quarta-feira, 24 de setembro de 2008

...pousadorismo elitista...

O mosteiro de Flor-da-Rosa é um outro exemplo (para além do já referido Forte de Peniche) de como se pode transformar um espaço do domínio público, em algo apenas ao alcance das carteiras mais recheadas.

Ainda me lembro dos dias em que do alto do mosteiro, podia disfrutar de uma paisagem magnífica, ver o local onde repousavam os antigos sinos cinzelados com a cruz de Malta, e por vezes, espreitar o ninho de cegonhas que todos os anos ali era habitado (provavelmente por casal residente, sem ter que pagar taxas de ocupação).

Agora já não posso. E não é porque as cegonhas regressaram de "férias" para nificarem no alto do torreão, mas porque fizeram daquele local uma pousada, e trancaram todos os acessos. O que mais me entristece, é o facto da pousada só tratar dos locais afectos à mesma (leia-se aqueles que são visíveis ao cliente da pousada), ficando o restante ao Deus-dará.

Numa última tentativa para chegar ao topo do mosteiro, e enquanto subia uma escada em caracol (daquelas que o normal turista desconhece), dei de caras com um gradeamento, fechado a cadeado. O nojo daquele sítio daí para cima era indescritível. Borrachos mortos, penas, fezes dos pássaros, tudo acumulado...até me espantei como o cheiro não era pungente. Sinónimo de que toda aquela matéria já estava ali há imenso tempo, e que os germes já tinham cumprido o seu trabalho com diligência.

Temos portanto um monumento a menos, e uma pousada a mais. O Estado deixa de ter despesa de manutenção, para passar a ter lucro da actividade de empresa privada. Parece-vos uma boa troca?
LMG

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