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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O Deus da Matança, de Yasmina Reza

Esta posso recomendar porque estará em cena até 25 de Outubro no Teatro Aberto! E vale bem a pena... no mínimo desconcertante!
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Tive a sorte de em 1998 ver a peça "Arte", extraordinariamente protagonizada por António Feio, José Pedro Gomes e Miguel Guilherme. Fiquei fascinada com o texto desta autora francesa, a Yasmina Reza. A "Arte" são intensas conversas em torno de uma tela pintada de branco e da opção de uma das personagens ao adquiri-la. O melhor é a carga cómica, que no fundo, e porque chega ao fundo, é intensamente dramática. Para mim, uma referência, um dos melhores textos de teatro que conheço.
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Desta vez a base de conversa é a violência, a agressão... E a intensidade está lá outra vez, levada ao extremo, despindo as personagens por camadas até ao osso, até se dizer tudo e se enfrentar o absurdo do que somos quando retiramos todas as máscaras sociais. Mas não estará esse absurdo, por ventura colado à nossa autenticidade!?
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Do trabalho dos actores, que encontrei muito conseguido, sobressaiu para mim, o do único desconhecido, Sérgio Praia... Um espectáculo a ver, uma autora, sem dúvida, a seguir...
quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O Camareiro, de Ronald Hardwood



Fui ontem ver ao Teatro Dona Maria II... Não me/vos serve de muito o conselho agora, uma vez que a lotação está já esgotada até ao último espectáculo... Mas quero partilhar na mesma que fiquei abismada pelo positiva com a prestação de Virgílio Castelo (percebi depois que muito por ignorância minha... porque nunca o tinha visto representar num palco!) O Ruy de Carvalho, apresenta-se surpreendentemente enérgico como um duplo senhor do teatro, na personagem e na própria vida...
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O que mais me impressionou foi mesmo a história deste camareiro (interpretado por Virgílio), que segurando a espinha dorsal da vida deste actor (Sir Donald Wolfit interpretado por Ruy) é ignorado, porque não faz mais que a sua obrigação. O esforço sobrehumano a que se sujeita, anulando-se a si próprio e às suas vontades para satisfazer os caprichos e as necessidades de outro. E essa anulação, este viver em prol de outrém, torna a personagem transparente e, porque ninguém o vê, vive só... Deu-me que pensar e até que sentir!
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Curiosamente, Ronald Harwood, o autor, terá sido camareiro de Sir Donald Wolfit, que dá nome à personagem feita pelo Ruy de Carvalho... Também é argumentista d"O Pianista", um filme que também gostei muito, pela forma incrível como demonstra que um herói, pode ser natural, sendo afinal um antiherói, apenas (sendo este um apenas bem cheio de tudo) um desesperado em luta pela sobrevivência...
mdc
domingo, 22 de março de 2009

Dia Nacional do Teatro de Amadores

21 de Março

“Amigo, maior que o pensamento. Por essa estrada amigo vem. Não percas tempo que o vento é meu amigo também. Em terra, em todas as fronteiras. Seja bem-vindo quer vier por bem. Se alguém houver que não queira trá-lo contigo também”.

Se pudesse comprar palavras, estas, seria por certo dono delas. Mas, o seu a seu dono, são palavras de José (Zeca) Afonso, da cantiga – “Traz um amigo também”.

É no ano que completo quarenta anos de vida no teatro, que a minha memória me leva ao ano de 1969, no Grupo dos Modestos (extinto em 1988), na peça “TODO O MUNDO E NINGUÉM”, de Gil Vicente, no papel de Dinato, com encenação de Leandro Vale. A ANTA trouxe-me até aqui, depois de tanto intervir no seu sítio, umas vezes, com palavras certas, outras vezes, com palavras a passear…
Mas, como não somos donos das palavras, nem tão pouco as podemos comprar, somos às vezes, (muitas vezes), escravos da palavra. É por isso que o meu “dom da palavra” me impulsiona a escrever:

- O teatro de amadores das associações tem de facto um “papel principal” no desenvolvimento cultural dos locais e regiões onde está inserido.

E tal como o ensino básico, é uma “escola” necessária no desenvolvimento social da população, por isso, os amadores de teatro das associações, devem ser responsáveis e terem orgulho de pertencerem à grande região que produz teatro no nosso País.
E, se atendermos à importância que o Movimento Associativo tem na Sociedade através das suas mais diversas actividades, mais orgulhosos podemos estar.

Daí que devemos, TODOS E CADA UM, com a dignidade que o teatro nos merece, sermos (nos ensaios, nos espectáculos, todos os dias) responsáveis, pelo que significa o teatro de amadores das associações, ou como digo: (expressão que criei) o teatro associativo.

E quando se falar na “reforma artística”, devemos antes saber (e por isso é prioritário) o que significa a RESPONSABILIDADE DE SER AMADOR DE TEATRO.

A criatividade, o espírito de sacrifício e a solidariedade, quando aliados a uma saudável aprendizagem associativa, são verdadeiramente bases sócio-culturais importantes, que o teatro coloca à disposição da sociedade substituindo, em grande medida, o “papel principal” dos governantes.
Então, chegados a este conhecimento, sabemos que, com a nossa “mão-de-obra barata”, colocamos à disposição da grande maioria da população, o nosso trabalho técnico/artístico, conscientes de que prestamos um serviço sócio-cultural à sociedade.

E, não é pelo facto de sermos compulsivamente apaixonados “AMANTES DE TALMA “, que a nossa paixão é cega.
Sabemos, que hoje, e cada vez mais, é necessário saber “suar a camisola”.
Todos sabemos o que temos feito, mas, o que muitos não sabem, é o significado da RESPONSABILIDADE DE SER AMADOR DE TEATRO.

Sabemos que a tarefa não é fácil pois, infelizmente, ainda há muito “boa gente” que julga que
o teatro de amadores das associações, é uma actividade de recreio, ou de lazer.
Pior é quando pensam que pelo facto de ser AMADOR... serve de desculpa!
E mais, não se importam nada de ouvirem dizer “Para amadores não está mal” , e até consideram um elogio.
É urgente dizer, a quem assim pensa, o que significa a RESPONSABILIDADE DE SER AMADOR DE TEATRO.

Companheiros:
Não é minha intenção” meter o nariz no pó do palco dos outros”, mas é meu entendimento, o quanto é prioritário alterar esta forma de estar e pensar o teatro produzido nas associações.

Todos nós já recebemos muitas manifestações de apreço de organismos, de instituições e personalidades, que nos dizem que estamos no caminho certo, e que o serviço que prestamos e colocamos à disposição da população é uma mais-valia sócio-cultural, associativa e artística. Mas, apesar de todos estes incentivos, temos que (peça a peça), ano após ano, melhorar o nosso trabalho, para que não considerem os nossos pedidos de apoio, uma exigência fútil, mas sim, uma pretensão que nos assiste quando queremos melhorar as condições do nosso trabalho e servir com melhor qualidade as populações.
Também sabemos, e temos disso consciência, que a pretensão que temos para com o “nosso teatro” só é possível com o apoio indispensável de parceiros interessados no crescer cultural da nossa terra.
E quando digo “crescer” refiro-me particularmente ao crescimento cultural das crianças, dos jovens e, por que não, dos adultos.
Todas as artes são importantes e, neste caso particular, o teatro, para a formação dos cidadãos, e quanto mais pequenos melhor.
Podemos não saber o que é que queremos que eles aprendam mas, que devem aprender uma arte, isso devem.
Com esta aprendizagem, vão ter por certo uma melhor visão da vida e do mundo e, como sabemos, as crianças expressam-se naturalmente. Faz parte da sua descoberta do mundo que as rodeia.
Experimentam coisas através de um jogo permanente com a realidade.
Tal como as crianças, os jovens e os adultos, têm no teatro esse prazenteiro jogo do «fazer-de-conta», que possibilita conhecer melhor as humanidades.

Claro que não será por isso que todos serão técnicos ou intérpretes mas serão, por certo, cidadãos com princípios éticos, capazes de saber partilhar e ter conceitos mais ricos e diversificados.
E se pensarmos que primeiro aprendemos a falar e, depois, mais tarde, na escola, aprendemos o abecedário, podemos ter em conta que no teatro se pode e deve aplicar esta verdade como princípio.
Primeiro aprender a cultura e a ética teatral, ter urbanidade para e com a arte e, depois, mais tarde, na “escola”, aprender a formação técnica e artística.

Se quiserem ter a compreensão de que esta base ética é fundamental, o teatro de amadores das associações é, (deve e pode ser), uma boa escola da vida.

Estar ou ser do teatro, é um confronto permanente com a realidade.
Os primeiros contactos devem ser de forma lúdica e divertida o que os torna, mais tarde, activos e com sentido crítico e participativo.
Aprende-se com todos os sentidos e fica-se mais aberto àquilo que desconhecemos.

É bom que se entenda que o teatro, tal como as outras artes, é um espaço de liberdade e criatividade, onde existe a possibilidade de criar uma mudança de atitude.
Como diz Kant: - «apenas os gostos se discutem»

Mas, no teatro, discutir é procurar estabelecer pontes, é falar das emoções e vivências partilhadas tendo por base experiências de vida muito diferentes.
O papel do teatro é esse mesmo: - Proporcionar um sonho de comunidade entre indivíduos distintos.

Estar no teatro é muito mais do que se imagina, ou do que aquilo que se pode encontrar nos livros.
Ser do teatro é saber que há objectos inúteis mas que contêm em si os mais elevados valores.
O teatro é um curso, que nem uma vida inteira chega para o concluir. Por isso se diz:

- “O que custa mais, são os primeiros 30 anos”
No teatro, nada é mais importante do que proporcionar a possibilidade de ser cada vez melhor, com a certeza saudável de que nunca se atingirá a perfeição.

E assim, será muito mais possível acreditar num futuro melhor.
Num futuro onde hajam Mulheres e Homens com motivação para investirem, não só no seu crescimento social e na sua qualidade de vida cultural mas, também, para contribuírem para o desenvolvimento do local onde estão inseridos.
Mas para isso não chegam só as boas vontades, o voluntariado, ou até, ter gente com mais ou menos capacidades técnicas e artísticas, pois sabemos que, cada vez mais, a tecnologia é indispensável nos meios de produção.
Hoje, mais do que nunca, a utilização de meios técnicos faz parte da formação e do trabalho de cada um. Hoje, a qualidade de vida, tem que passar pela utilização das novas tecnologias.

Cabe, por isso, aos dirigentes artísticos e associativos, aos agentes culturais, aos patrocinadores, às Juntas de Freguesia, às autarquias, (já que o governo central não aceita pedidos de apoio dos amadores de teatro) um maior esforço nos apoios, e na contribuição para o crescimento sócio-cultural das artes dos palcos associativos.

Enquanto isso não for possível, com mais ou menos dificuldades, continuaremos, com “a “mão-de-obra barata” que somos A LEVAR O TEATRO À PORTA DOS FREGUESES.

Valha-nos a muita paixão que sentimos pelo teatro, valha-nos a muita perseverança que temos em querer melhorar a vida cultural do País que somos, que aliadas a alguns apoios públicos, e à solidariedade de personalidades e organismos, que acreditam no trabalho dos amadores de teatro, vai sendo possível, levar por diante esta maravilhosa tarefa artística e sócio-cultural , chamada TEATRO. Valha-nos isso.

Mas não nos devemos esquecer o quanto é importante saber o que é A RESPONSABILIDADE DE SER AMADOR DE TEATRO.

O teatro de amadores das associações é, de facto, e sem demagogias, uma grande escola de humanização para a vida social, cultural e associativa.

Alfredo Correia . 21 de Março de 2009
MDC
sexta-feira, 26 de setembro de 2008

...classificação de públicos...

Às vezes (e não poucas) dou-me ao trabalho de ir ler legislação... (sempre com um propósito prático, não se assustem que ainda mantenho interesse pela vida!) É absolutamente incrível o que este conceito encerra: acordãos, anúncios, avisos, decretos (grande família), despachos (nada despachados), leis, resoluções e outras comunicações... É um mundo complexo e, às vezes, desesperante! Acho francamente que, se é objectivo dos envolvidos que se viva numa pacífica e participada legalidade, toda esta parafernália de textões, divididos em dezenas de capítulos, artigos e alíneas, revogados e alterados, devia ser no mínimo, acessível, clara e sucinta... Mas, qual quê, é a ... da confusão!
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Desabafos gerais à parte, vamos aos factos!
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Venho contar-vos (porque admito que muitos de vós não saibam e não vos quero surpreendidos na ilegalidade um dia destes) que segundo as regras para a classificação de espectáculos e divertimentos, passo a citar:

a) Os menores de 3 anos não podem assistir a quaisquer espectáculos ou divertimentos públicos;
b) Serão classificados «Para maiores de 12 anos» todos os espectáculos classificados em escalão não inferior mas que terminem depois das 22 horas;

Estas 2 alíneas fazem parte do Artigo 3.º do Decreto-Lei 386/82... Mas há mais:

1 –Serão classificados «Para maiores de 4 anos», os espectáculos desportivos e de circo, os espectáculos tauromáquicos, os concertos musicais e similares e os espectáculos de ópera e de bailado;

2 - Os espectáculos referidos no número anterior poderão ser classificados em diferente escalão etário pela Comissão de Classificação de Espectáculos quando, por sua iniciativa ou após requerimento fundamentado do promotor do espectáculo a solicitar novo visionamento, se conclua que as características do espectáculo o aconselham.

3 - Será «Para maiores de 12 anos» a frequência de lugares públicos destinados a bailes populares.

Estes pontos estão no artigo 4.º do mesmo Decreto-Lei 386/82...
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Então resumindo, o "teatro para bebés" e a "música para bebés" são, à partida, ilegais.
A partir das 22h, a criançada já tem que estar, de preferência em casa, de pijaminha! Bailaricos... só para os mais crescidinhos (os putos só sabem sujar a pista com o algodão doce, pá)!
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Agora digam-me cá... Vocês já se portaram mal!? Seus malandrecos!!! Eu é que tive sorte, quando saiu esta lei já tinha 3 anos... Aquilo é que foi curtir!
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Claro que os artistas (circenses, músicos, bailarinos, actores ou toureiros), podem sempre preencher o requerimento, aguardar visita do inspector e respectivo parecer... Se bem que eu acho que preferem pagar as multas... Ainda por cima, são em escudos!!! (bom, admito que já tenha saído uma portaria qualquer a fazer a conversão das multas constantes na legislação anterior ao advento do euro, acautelem-se)
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Bom, o que eu acho mesmo, é que esta lei já com 25 anos, está ultrapassada e ainda bem! Hoje a arte entrou na pedagogia, comprovou-se que sensibilizar uma criança através da arte é transmitir-lhe ferramentas preciosas de compreensão e acção sobre o mundo! Acho até, que antes de lhes darem os computadores, deviam garantir que elas já olharam bem para as manifestações artísticas ancestrais que o ser humando pode fazer ao vivo e a cores...
MDC