


Gandhi afirmava que a não violência era o seu primeiro artigo de fé e também o último artigo de seu credo. Foi um lutador contra a injustiça. Dizia da coragem silenciosa de morrer sem matar, e que o perdão realçava o valor do soldado.
Em 2002, a Academia Universal das Culturas discutiu em Paris a paz nos dias de hoje e concluíram que em tempo de globalização isto seria impossível.
E num artigo Umberto Eco chegou a afirmar "A paz universal é como desejo da imortalidade, tão difícil de satisfazer que as religiões prometem para depois da morte.
Para reflectir a Paz é preciso lembrar Gandhi que teve palavras iluminadoras, verdadeiras estrelas.
Diante deste contexto é importante lembra-lo, é importante estabelecer um paralelo entre a paz e a estupidez de governantes que utiliza da vulgaridade do comércio da guerra, da destruição de edifícios de hospitais, da indústria e do alto facturamento económico para os produtores de materiais bélicos que com certeza financiam governantes, não se importando com famílias dizimadas, com crianças mutiladas ou com a imprensa permanentemente de luto, graças, aos assassinatos de seus repórteres e jornalistas, nada disto comove os facínoras travestidos de humanismos, que permanecem em seus postos de comando sob a égide de um culto ou de uma crença.
Gandhi afirmava " a guerra que aqui se desenvolve mostra a futilidade da violência, o ódio que mata sempre, enquanto que o amor não mata nunca. Tenho por objecto a amizade com o mundo inteiro. Quero unir o maior amor à mais firme posição do mal."
Diante do contexto, reflectimos que as lições de ódio, tiranias e a falta de carácter de alguns homens públicos, que traçam a guerra para desviar a atenção da sua capacidade gerêncial administrativa não deve sobrepor a exemplos de amor. Que já assimilamos.
E concluímos numa frase de Gandhi, " A verdade é dura como diamante e frágil como a flor do pêssego".
por Manoel Messias Pereira
(via Artilleria del Pensamiento)
11 de Setembro de 1973
Actualmente a data é conotada com os atentados terroristas às duas torres gémeas de Nova Iorque, há oito anos atrás. Foi muito dramático, triste, doloroso. Sim, é certo. Os inocentes que morreram naquele dia são as vítimas do seu próprio sistema, e que pagaram com a própria vida os erros, que os seus sucessivos governos praticam, há décadas. Pela guerra, pela invasão e pelo terror, que submetem os outros povos.
Há 36 anos, a 11 de Setembro de 1973, com o apoio dos EUA e o seu presidente Gerald Ford, com a colaboração da CIA e de algumas multinacionais, Augusto Pinochet ordenou às Forças Armadas, praticarem um golpe de estado violento e sangrento, que derrubou o governo socialista, democraticamente eleito de Salvador Allende. Naquela manhã, onde se encontrava exilado no Palácio de La Moneda, pela rádio transmitiu as suas últimas palavras destinadas ao seu povo:
"Pagarei com a minha vida a lealdade do povo."
O que se sucedeu, foi dantesco. O povo chileno foi perseguido, torturado, massacrado. O estádio do Chile foi transformado num campo de concentração. Entre muitos encontrava-se Victor Jara. Conta-se que foi torturado durante quatro dias. Nesses dias ainda conseguiu escrever a ultima canção, escondida pelos seus companheiros:
Somos cinco mil
en esta pequeña parte de la ciudad
Somos cinco mil
Cuántos seremos en total
en las ciudades y en todo el país?
Sólo aquí, diez mil manos que siembran
y hacen andar las fábricas.
Cuánta humanidad
con hambre, frío, pánico, dolor,
presión moral, terror y locura!
Seis de los nuestros se perdieron
en el espacio de las estrellas.
Un muerto, un golpeado como jamás creí
se podría golpear a un ser humano.
Los otros cuatro quisieron quitarse todos los temores
uno saltando al vacío,
otro golpeándose la cabeza contra el muro,
pero todos con la mirada fija de la muerte.
Qué espanto causa el rostro del fascismo!
Llevan a cabo sus planes con precisión artera
sin importarles nada.
La sangre para ellos son medallas.
La matanza es acto de heroísmo.
Es éste el mundo que creaste, Dios mío?
Para esto tus siete días de asombro y de trabajo?
En estas cuatro murallas sólo existe un número
que no progresa,
que lentamente querrá más la muerte.
Pero de pronto me golpea la conciencia
y veo esta marea sin latido,
pero con el pulso de las máquinas
y los militares mostrando su rostro de matrona
lleno de dulzura.
Y México, Cuba y el mundo?
Que griten esta ignominia!
Somos diez mil manos menos
que no producen.
Cuántos somos en toda la Patria?
La sangre del compañero Presidente
golpea más fuerte que bombas y metrallas.
Así golpeará nuestro puño nuevamente.
Canto que mal me sales
cuando tengo que cantar espanto!
Espanto como el que vivo
como el que muero, espanto.
De verme entre tanto y tantos
momento del infinito
en que el silencio y el grito
son las metas de este canto.
Lo que veo nunca vi,
lo que he sentido y lo que siento
hará brotar el momento...
(…)
Venceremos, venceremos,
Mil cadenas habrá que romper,
Venceremos, venceremos,
La miseria sabremos vencer.
Campesinos, soldados, mineros
La mujer de la patria también,
Estudiantes, empleados y obreros,
Cumpliremos con nuestro deber.
Sembraremos las tierras de gloria,
Socialista será el porvenir,
Todos juntos haremos la historia,
A cumplir, a cumplir, a cumplir
(…)
Um ano mais tarde, após o golpe militar, o presidente Gerald Ford declarou à imprensa que aquilo os Estados Unidos fizeram no Chile "...foi nos melhores interesses do Povo chileno e certamente nos nossos melhores interesses". ...duvido muito pelos interesses do povo chileno, não duvido nada pelos interesses dos EUA.
***
CANTO PARA AS MÃOS PARTIDAS DE VICTOR JARA
por Pedro Tierra
Quisera chorar teus dedos dilacerados:
raízes do meu canto subterrâneo.
Quisera chamar-te ?Hermano?
como a infância dos rios
lava o rosto da terra,
mas minha boca sangrava
um silêncio de canções amordaçadas.
De tuas mãos se dirá um dia:
geravam pássaros de sangue
como as primaveras da lua.
Tuas mãos,
tristes descendentes das canções araucanas,
tuas mãos mortas,
casa de canções decepadas,
tuas mãos rotas,
últimas filhas do vento,
guitarras enterradas sem canto,
sementes de fuzis,
seara de sangue.
Quisera entregar
minhas mãos inúteis
ao cepo de teus carrascos.
Pretendo com estas linhas apenas relembrar. Para que não se esqueça, para que não se volte a repetir! O Mundo não se pode esquecer.
´
Uma pequena homenagem a alguém que, apesar de viver numa época machista, preconceituosa e retrógrada, nunca deixou de lutar pelos seus sonhos, ideais e forma de vida.

Hasta...
Entre muitos este é um dos génios da fotografia que admiro! Fotógrafo e amante da natureza relata a sua vida através de fotos. Viveu no Quénia durante vários anos e no Ruanda onde fotografou Diane Fossey e os "seus gorilas na bruma"...
É repórter das revistas Paris Match, Life e do National Geographic, há quem diga que reinventou a arte de ver o mundo.
Um dos seus últimos trabalhos "The Earth from Above" é uma colecção de fotos lindíssimas, de momentos, vidas e lugares do nosso planeta, descobertos e agora tornados imortais de uma forma única e admirável.
É concerteza uma história de vida, um legado riquíssimo para o futuro, uma mensagem e um grito de alerta e ao mesmo tempo de esperança.


