quinta-feira, 29 de abril de 2010

...leituras...

"Um dia que já lá vai D. João o Segundo, nosso rei, perfeito de cognome e a meu ver humorista perfeito, deu a certo fidalgo uma ilha imaginária, diga-me você se sabe doutro país onde pudesse ter acontecido uma história como esta, E o fidalgo, que fez o fidalgo, foi ao mar à procura dela, gostaria bem que me dissessem como se pode encontrar uma ilha imaginária. A tanto não chega a minha ciência, mas esta outra ilha, a ibérica, que era península e deixou de o ser, vejo-a eu como se, com humor igual, tivesse decidido meter-se ao mar à procura dos homens imaginários."
em "Jangada de Pedra" de José Saramago
terça-feira, 27 de abril de 2010

POBRES DOS NOSSOS RICOS, por Mia Couto

A maior desgraça de uma nação pobre é que
em vez de produzir
riqueza, produz ricos.
Mas ricos sem riqueza.
Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.
Rico é quem pos
sui meios de produção.
Rico é quem gera dinheiro e
dá emprego.
Endinheirado é quem simplesmente tem d
inheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele. A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos". Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados. Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia. Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade.
Mas se eles enriqueceram foi graças a
essa mesma desordem (...) MiaCouto

(uma sugestão do amigo Eduardo Dores)
as imagens são de Sebastião Salgado

Mia Couto ao escrever estas palavras referia-se à realidade africana. No entanto, nas nossas sociedades ditas industrializadas, o flagelo da pobreza e da corrupção é igualmente visivel e até "aceitável" ao ponto de a encararmos como "normal". Mas não o é.
quinta-feira, 22 de abril de 2010

Revolução

A Revolução faz 36 anos... e esta é a minha homenagem aos que lutaram em clandestinidade, abdicaram da sua identidade, àqueles que sofreram a tortura às mãos da pide, aos que tombaram, aos que nunca desistiram do ideal comum, o de LIBERDADE!
Pelas palavras de Sophia de Mello Breyner:

25 DE ABRIL

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Relembrar Abril, é falar de Revolução!

A Revolução é contínua, pela mudança de mentalidades e pela adequação aos tempos, nunca esquecendo os nossos direitos nem os nossos deveres.
Revolução é a procura constante de uma vida melhor e com qualidade, é transformar a sociedade, numa sociedade mais humanizada, é promover um futuro melhor para os nossos filhos.

25 DE ABRIL SEMPRE!